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Sexualidade na Terceira Idade


O assunto ainda é tabu, cercado de preconceitos, julgamentos e mistérios. Mas, se engana quem pensa que as pessoas perdem por completo o apetite e as habilidades sexuais com o envelhecimento. Naturalmente que, como todas as outras funções do corpo e da mente, a sexualidade sofre modificações e adaptações em sua evolução. O corpo, com o envelhecimento, passa por reorganização dos hormônios, costumando haver declínio natural no interesse e na frequência das atividades sexuais. Percebe-se que, para alguns, isso pode ser fonte de aborrecimento, sentimento de perda que pode até caminhar para uma depressão. Já outros encontram alternativas de prazer mais relacionadas ao afeto, aos toques, à atenção e aos carinhos, ou seja, de se perceber, de outra forma, as emoções e a sensação de bem-estar. Não é por ser velho, no entanto, que necessariamente se deve desistir de atividade sexual ativa e prazerosa, ainda que com menos intensidade. Existe, sim, erotismo na velhice. Muitas vezes o próprio velho se envergonha disso em razão do grande preconceito e desinformação que ainda existem a esse respeito, mas o fato é que a sensualidade pode continuar existindo.

Depende muito da história de vida de cada um, da forma de se ver o mundo e de como o sexo foi vivenciado nas fases anteriores. Depende, ainda, da capacidade que a pessoa adquiriu para se adaptar ao novo. Na velhice o mais importante não é só o prazer do ato sexual em si, mas também o prazer da sensualidade. Devem ser valorizados o jogo de sedução, o prazer de continuar conquistando o parceiro, a intimidade entre ambos, a criatividade, a cumplicidade, o lúdico. Ou seja, a pessoa que sempre foi capaz de criar relações de intimidade e prazer pode continuar tendo essa capacidade na velhice, onde passa a ser valorizado não a quantidade de vezes que se faz sexo, mas sim a qualidade e a forma de fazê-lo.Importante acrescentar a satisfação de “estar junto” a quem se ama, valorizando os momentos de intimidade com qualidade e, também, outros prazeres como sorrir, conversar, cantar, sonhar, andar de mãos dadas e compartilhar outros sentimentos. Esse bem-estar vale tanto para homens quanto para as mulheres. E é mais que sexo, é fonte de vida que faz fluir a energia vital, a saúde física e mental, dando ao indivíduo qualidade de vida, permitindo-lhe que se sinta “vivo”. Talvez o segredo de viver bem a sexualidade na velhice seja descobrir alternativas que podem continuar proporcionando prazer, sensualidade e bem-estar. Pode ser difícil, mas é possível. “Na velhice o prazer do sexo é substituído pelo prazer da ternura, compreensão, companheirismo, é onde as duas pessoas realmente vivem uma sexualidade plena e responsável.” (Sócrates)

Referência: ABREU, Maria Celia. Velhice e uma nova paisagem, Editora Agora, 2017.

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